segunda-feira, 31 de março de 2008

Para além do mundo de Sofia

Tragava com tanta vontade que parecia querer prender todas as memórias que vinham naquele movimento. Soltava devagarzinho, bem lentamente, filtrando tudo aquilo que queria que permanecesse ali, dentro dela. Naquele momento percebeu o que a música dizia, e chegou a se emocionar tantas e tantas vezes. Ouviu mais uma vez a mesma música que minutos antes havia pedido pra que tirassem, pelo amor de Deus! O chão parecia mais gelado e aquela mistura de sensações a deixavam cada vez mais relaxada. Pensava tanto naqueles que estavam distantes e queria ligar, falar, dizer o quanto os ama e sente sua falta. Desistiu, porque aquele momento tornou-se algo tão surreal. Sentada no final da tarde, na porta de casa, só ..... com seu cigarro e seu copo de cerveja. E não estava triste. Hoje entende que a vida exige momentos assim, em sua vida, tornam-se imperativos. É seu momento de reorganizar os pensamentos, sentimentos, cognições, prioridades. E a música toca tão fundo. Na noite anterior havia chorado, de repente, com a mesa repleta de pessoas e ela jura que estava se divertindo. E estava mesmo. Conseguiu potencializar sua plenitude revertendo aqueles grilhões em lágrimas, sublimando-os! Caminhava entre todos com leveza, sabendo seu lugar – seus pensamentos! – e retornando sempre que se sentia ameaçada. Ali encontrava um conforto quase maternal. Mas insistia em perambular para fora dali e sempre que fazia isso encontrava riscos nas verbalizações vazias, automáticas, reativas. E tragava ainda mais intensamente. No fundo, e não de forma inconsciente, gostaria de prender o ar para sempre e transcender, conquistar, ter, ser, desejar tudo aquilo que reconhece já não ser mais possível. Alterna este sentimento de ir tão longe, com algo bem “primário”. Um colo a faria dormir tão profundamente que quando acordasse, teria certeza que tudo aquilo que tivera vontade, de fato acontecera.

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